GRITO PARA WALL STREET



GRITO PARA WALL STREET

Musical em 3 partes contínuas, baseado no poema Grito para Roma de Federico Garcia Lorca e textos de Darcy Ribeiro, Eduardo Galeano, Americo Vespúcio, Louis McFadden, Abraham Lincoln, James Garfield, John Fitzgerald Kennedy e Lalado Flauer. Direção Geral Thor Vaz, produção Rita Basttos, direção musical Rhenato Flauer, coreografia Susy Flauer, com músicas de Rhenato Flauer e letras de Lalado Flauer, executadas pelo grupo musical de apoio à mobilização popular Seu Luiz é o Pintor, inspiradas na expansão do imperialismo capitalista, pós guerra fria, no novo arranjo mercadológico internacional, chamado de globalização, pactuado no Consenso de Washington, por ordem dos banqueiros do Federal Reserve, pelos chefes de estado das 8 maiores potências  econômicas e nucleares do planeta e as consequências desse terrorismo do capital na vida das pessoas.  

1ª PARTE:

Palco totalmente escuro. Música O Senhor da Paz tocada instrumental .
Entram os dois atores, representando indígenas e escravos, Nus como viviam na época das primeiras invasões estrangeiras no Brasil e na África. Foco de luz apenas no rosto do personagem que fala.


MARIA
Boa noite senhoras e senhores
Já é hora de despertar
Nossa memória esquecida
E o pensamento ligar
Em coisas mais relevantes
Pois somos gente crescida
E gente é muito importante
Mesmo sem teto e comida
E nós devemos pensar
Refletir nossa mente de pedra
Sobre o nosso papel de cachorro
Nessa sociedade de merda.


BENÉ
É sempre bom lembrar
E nunca mais esquecer
Que somos negros e somos indígenas
O que significa dizer
Que quando nos invadiram
Os brancos de cabeça dura
O paraiso era a África
O outro paraíso era aqui
E tínhamos liberdade e fartura.


MARIA
Como escreveu Eduardo Galeano,
Que eles tinham a Bíblia
E nós tínhamos as terras.
Então eles nos deram a Bíblia
e disseram para a gente fechar os olhos
e rezar.
E quando abrimos os olhos,
Eles tinham as terras
E nós a Bíblia.

BENÉ
A civilização invasora com sua religião
Nos trouxe vício e doença
Negou o nosso passado
Proibiu a nossa crença
Destruiu a nossa vida
Vestiu nosso corpo de pano,
De lama e de muita ferida.


MARIA
Com todo esse despojo
Aliado ao cativeiro
Muitos de nós de tanto sofrer
Se deitavam na rede
E se deixavam morrer


BENÉ
Morríamos de tristeza
Vida nossa, vida querida
Viver o resto da vida
Renegando a nossa história
Um povo sem passado
Um povo sem memória
Pelo resto da vida inteira
Vida indigna de ser vivida
Por gente forte e verdadeira.


MARIA e BENÉ
A pregação missionária cristã
Caiu sobre nós como um flagelo
A cristandade nos surgia
Como um mundo do pecado e do pecar
Das enfermidades dolorosas e mortais
Um mundo de traição e covardia
Contagiando tudo e tudo apodrecia.

Apagam-se as luzes sobre os rostos e ambos deixam o palco.

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As luzes e a música ganham intensidade.  De um lado do palco, no púlpito da Universidade de Columbia, John Kennedy faz o seu famoso discurso, denunciando os abusos e a usura do FED, enquanto do outro lado do palco a coreografia retrata pessoas vestidas de amarelo, ou branco, caras pintadas, empunhando faixas e cartazes contra o governo e contra a corrupção, ao longo de uma manifestação pacífica, acompanhada de longe pela polícia armada. 

JOHN KENNEDY
Minhas senhoras e meus senhores:

Fazendo minhas as palavras de Louis McFadden, afirmo também que temos neste país uma das mais corruptas instituições que o mundo jamais conheceu. Refiro-me ao Federal Reserve, que tem roubado o governo e o povo dos Estados Unidos o dinheiro suficiente para liquidar toda a dívida nacional. O saque e as demais iniquidades praticadas pelo Conselho de Diretores do Federal Reserve e dos bancos desses diretores, atuando em conluio, custaram a este país o dinheiro suficiente para pagar várias vezes a dívida nacional. Esta instituição corrupta tem empobrecido e arruinado o povo dos Estados Unidos e do mundo inteiro. Arruinou-se a si mesma e arruinou praticamente o nosso governo. Fê-lo através da administração desonesta da lei pela qual o Conselho de Diretores do Federal Reserve foi criado e abusando de práticas corruptas dos abutres que o controlam.

Abraham Lincoln, o 16° Presidente da República dos Estados Unidos, em sua primeira mensagem ao Congresso, datada de 3 de setembro de de 1861, declarou que, abre aspas "o Trabalho é anterior ao Capital. O Capital é apenas fruto do Trabalho e o Capital nunca poderia ter existido sem que o Trabalho existisse antes dele. O trabalho é superior ao Capital e merece de todos nós a mais elevada consideração" fecha aspas.

Lincoln precisou contrair empréstimo junto aos banqueiros judeus, que fomentaram a Guerra Civil, e os banqueiros judeus lhe ofereceram dinheiro a juros de 24 a 36% ao ano. Lincoln recusou a oferta dos banqueiros judeus, porque não queria mergulhar a nação em uma eterna dívida impagável. Então, Lincoln buscou apoio no Congresso e conseguiu aprovar uma lei autorizando o Tesouro Nacional a imprimir o dinheiro dos Estados Unidos. Lincoln mandou imprimir mais de 400 milhões de Greenbacks, que são títulos da divida nacional, sem juros, e assim financiou o esforço de guerra, remunerando os soldados, o funcionalismo público e aqueceu a economia norteamericana com a compra de material de guerra.

Revoltados com Lincoln,  os banqueiros judeus o assassinaram em 1865, como prova a Teoria da Predominância dos Fatos. Pouco depois da morte de Lincoln,  o governo seguinte revogou a lei que autorizava o governo a imprimir o nosso dinheiro, livre de juros e de dívidas. 

James Garfield, o 20° Presidente da República dos Estados Unidos, numa reunião pública com banqueiros e empresários,  declarou que, abre aspas, "Todo aquele que controla o volume de dinheiro de qualquer país é o senhor absoluto de toda indústria e comércio.  E quando percebemos que a totalidade do sistema político econômico é facilmente controlada, de uma forma ou de outra, por um punhado de gente poderosa no topo, não precisamos que nos expliquem como se originam os períodos de inflação e depressão", fecha aspas. Infelizmente, James Garfield foi assassinado pelos banqueiros judeus, seis dias após o seu discurso, sem cumprir a promessa de editar um Decreto Executivo, devolvendo à nação o seu direito roubado de imprimir a sua própria moeda. 

Caros mestres e alunos da Universidade de Columbia, o cargo de Presidente da República dos Estados Unidos tem sido usado para fomentar uma conspiração visando destruir a liberdade americana, mas antes de eu deixar o cargo de Presidente da Repúblicados Estados Unidos,  cumpro o meu dever de informar aos cidadãos esta situação, ao tempo em que comunico que assinei o Decreto Excutivo n° 11.110, em 4 de julho de 1963, devolvendo ao Tesouro Nacional o seu direito roubado de imprimir o dinheiro do povo norteamericano, sem ônus para o povo e para o governo da nação. Temos hoje em circulação 4.292.893 dolares, lastreados em prata, impressos pelo Tesouro Nacional, sem ônus para o povo e para o governo dos Estados Unidos.

E hoje,  dia 12 de novembro de 1963, tenho a consciência tranquila do dever cumprido, perante o meu povo e o meu país. 


De repente, ao final do discurso de Kennedy, um grupo de pessoas vestidas de preto, portando máscaras e bombas caseiras, investe contra uma agência bancária, que é incendiada, o que provoca reação violenta da polícia contra os militantes vestidos de preto, que passam a ser perseguidos também pelos manifestantes vestidos de branco. 

Na perseguição um cinegrafista é atingido por uma bomba e morre.


Neste mesmo instante, do outro lado do palco, John Kennedy termina o seu discurso, desce do púlpito,  é atingido por um tiro no rosto e cai morto,  ao lado do cinegrafista.

A policia e os militantes vestidos de amarelo e de branco retiram os corpos de cena e os militantes vestidos de preto, evitando o confronto com a polícia e com os caras pintadas vestidos de amarelo, ou branco, correm do tumulto e vão se reunir numa praça, ao lado do palco, onde encontram FEDERICO GARCIA LORCA.
LORCA parece um morto insepulto com roupas em frangalhos. Vê-se em seu corpo os contornos arroxeados e chamuscados das perfurações das balas de seu fuzilamento e o seu sangue heróico aparece como manchas escarlates, tatuadas em sua pele.

  
LORCA:
“Maçãs levemente feridas por finos espadins de prata,
Nuvens rasgadas por uma mão de coral,
Que leva em seu dorso uma amêndoa de fogo,
Peixes de arsênico como tubarões,
Tubarões como gotas de pranto para cegar multidões,
Rosas que ferem e espinhos encravados nos tubos de sangue.

Mundos inimigos e amores cobertos de vermes cairão sobre ti,
Cairão sobre a grande cúpula untando de azeite as línguas militares,
Onde um homem urina sobre uma resplandecente pomba,
E cospe carvão mastigado,
Cercado por milhares de telefones.

Porque já não há quem reparta o pão nem o vinho,
Nem quem plante ervas na boca do morto,
Nem quem abra as linhas do repouso,
Nem quem chore pelas feridas dos elefantes.
Não há mais que um milhão de ferreiros forjando cadeias,
Para os meninos que hão de vir.

Não há mais que um milhão de carpinteiros
Fazendo ataúdes sem cruz,
E não há mais que gente de lamentos,
Que abre as roupas à espera da bala.

O homem que despreza a pomba devia falar,
Devia gritar despido entre as colunas
E tomar uma injeção para adquirir a lepra
E chorar um pranto tão terrível,
Que dissolvesse seus anéis e seus telefones de diamante.

Mas o homem vestido de branco
Ignora o mistério da espiga,
Ignora o gemido da parideira,
Ignora que Cristo ainda pode dar água,
Ignora que a moeda queima o beijo da salvação
E dá o sangue do cordeiro ao bico idiota do faisão“.


PRIMEIRA MÚSICA (NA LUXUOSA MANSÃO DOS RATOS).

(Rhenato Flauer e Lalado)

NA LUXUOSA MANSÃO DOS RATOS

VIVEMOS E MORREMOS COMO ESCRAVOS
NA LUXUOSA MANSÃO DOS MORTOS
E TUDO MORRE AOS POUCOS
NA LUXUOSA MANSÃO DOS VIVOS
NA SUNTUOSA MANSÃO DOS RICOS
NA FABULOSA MANSÃO DOS RATOS

TEMOS VONTADE DE SEGUIR A BORBOLETA AZUL
EM SEU VÔO TRANQUILO PELOS CAMPOS DOURADOS DE TRIGO

MAS O NOSSO AMOR TEM FOME DE PÃO
E DEITA-SE SOBRE TRAPOS NUM QUARTO DE FAVELA

ONDE SORRIMOS E SONHAMOS A DOCE ILUSÃO DOS RICOS
PORQUE SOMOS ESCRAVOS
ESTAMOS VIVOS E DAMOS BEIJOS COM A VERDE SENSAÇÃO DO LIMO
PORQUE SOMOS ESCRAVOS
E QUEREMOS A AMARELA ILUSÃO DO QUEIJO
PORQUE SOMOS ESCRAVOS NA LUXUOSA MANSÃO DOS RATOS

Depois da música NA LUXUOSA MANSÃO DOS MORTOS, Lorca se dirige aos militantes vestidos de preto:
LORCA
Tenho alguma experiência em lutas (apontando para as feridas de balas no seu corpo). O homem que urina sobre a resplandecente pomba da paz, que cospe carvão mastigado, cercado por milhares de telefones, que emite o dinheiro que circula no mundo, ele nos crucifica a todos, a todos nós, com a sua usura. Ele urina e caga sua carniça sobre a paz, porque ele se alimenta de guerras, das guerras que ele fomenta. O homem que urina na paz lucra tanto com as guerras, financiando os dois lados, a ponto de acumular quase toda a riqueza do mundo, feita com o nosso sangue e o suor do nosso trabalho.

Temos que repensar e compreender bem o nosso papel no mundo e como deve ser a nossa luta, dentro e fora dessas guerras.

Mas, antes de tudo é preciso identificar o nosso inimigo. Porque o nosso alvo deve ser o nosso inimigo e somente ele.  E quem é o nosso inimigo? Quem é o nosso alvo? Será a polícia que nos espanca, nos fere, nos mata e nos humilha? Será o idiota que manda na polícia? Serão esses cretinos que nos governam?

BENÉ (um dos militantes de camisa preta)
Não! Não! Não! Mil vezes não! Todos esses vermes são apenas vermes e vivem na merda como nós. O nosso inimigo é o sistema, que só valoriza o dinheiro e o capital. O sistema capitalista nos torna dependentes do dinheiro, que os banqueiros fabricam sem lastro, nada mais do que papel verde de limpar o cu. O nosso inimigo é o sistema capitalista, hoje chamado de neoliberal, que existe para que os mais ricos concentrem riqueza e renda. Esse sistema desvaloriza o trabalho, para lhe sair barato usar o nosso trabalho de escravos sem senzala, para produzir a sua riqueza. De que vale o capital sem o  nosso trabalho?

LORCA
Sim, o nosso inimigo é quem controla o sistema capitalista. Mas quem é o sistema capitalista? Quem controla e manda no sistema capitalista? Quem controla todo o sistema capitalista é o Federal Reserve, um banco privado dos judeus, manipuladores da economia mundial, desde a idade média. Um banco privado tirando onda de banco central dos Estados Unidos, para enganar os bestas. Esse banco fica numa rua chamada Wall Street, na cidade de Nova York. É nessa rua onde fica o quartel general do nosso inimigo, onde o nosso inimigo imprime o dólar norte americano e de onde ele controla todo o sistema financeiro internacional.
A usura é a razão de ser do nosso inimigo e a guerra é o meio principal de alimentar a sua usura. Das guerras que ele fomenta e instiga é que vem grande parte da riqueza que ele acumula. Em suas guerras os banqueiros não tomam partido. Financiaram Hitler para matar hebreus e financiaram os aliados para matar Hitler. Hoje eles financiam governos imperialistas para saquear o petróleo de paises pobres. A outra parte da fortuna dos banqueiros vem do dinheiro que o nosso inimigo imprime, na quantidade que quer, e nos empresta cobrando o juro que bem entender.  
O nosso inimigo se esconde no seu quartel general em Wall Street, onde ele é blindado e protegido pelas forças armadas e pela espionagem de todas as nações capitalistas. O nosso inimigo é muito poderoso, mas não é imortal. Ele morre, se nos unirmos contra ele e acertarmos a pontaria.

UM CAMISA PRETA
Os banqueiros judeus assassinaram todas as pessoas influentes que se opuseram ao seu privilégio de imprimir e controlar o dolar, inclusive 4 Presidentes da República dos Estados Unidos,  no exercício do mandato, Andrew Jackson, Abraham Lincoln,  James Garfield e John Kennedy,  e não foram punidos pelos seus crimes. Eles estão acima de lei, mas não estão acima de nossas bombas, de nossas balas e de nossos punhais.




SEGUNDA MÚSICA (O SENHOR DA PAZ).

(Rhenato Flauer e Lalado)
O SENHOR DA PAZ

O SENHOR DA GUERRA TEM SEDE DE PETRÓLEO
O SENHOR DA GUERRA BEBE O NOSSO SANGUE
O NOSSO SANGUE ÁRABE, GREGO E AFRICANO.
O NOSSO SANGUE SÍRIO, TURCO E IRAQUIANO.
O NOSSO SANGUE BAIANO.

O SENHOR DA GUERRA BEBE NOSSO SANGUE LATINOAMERICANO
O SENHOR DA GUERRA É PURO TERRORISMO GLOBAL
TERRORISMO EUROPEU, JUDEU E NORTE AMERICANO
SANGUINÁRIO TERRORISMO DO CAPITAL

COMO PODEM SER TERRORISTAS OS IRAQUIANOS?

ENTÃO PERGUNTARAM AO SENHOR DA PAZ:

“O SENHOR TEM MEDO
DO TERRORISMO IRAQUIANO?”

E O SENHOR DA PAZ RESPONDEU:

“TERRORISMO IRAQUIANO UMA BANANA!
EU TAMBÉM NÃO QUERO VER
TANQUES AMERICANOS
PATRULHANDO COPACABANA.”

O SENHOR DA GUERRA TEM SEDE DE PETRÓLEO
O SENHOR DA GUERRA BEBE O NOSSO SANGUE

O NOSSO SANGUE ASIÁTICO, LÍBIO E VENEZUELANO
O NOSSO SANGUE PALESTINO, LIBANÊS E NORTE COREANO.
O NOSSO SANGUE CUBANO

O SENHOR DA GUERRA BEBE NOSSO SANGUE LATINOAMERICANO
O SENHOR DA GUERRA É PURO TERRORISMO GLOBAL
TERRORISMO EUROPEU, JUDEU E NORTE AMERICANO
SANGUINÁRIO TERRORISMO DO CAPITAL

O SENHOR DA GUERRA É UM MORTO VIVO
O SENHOR DA PAZ NÃO MORREU
O SENHOR DA PAZ VIVE EM MIM E EM VOCÊ
O SENHOR DA PAZ TEM A NOSSA VOZ
O SENHOR DA PAZ SOMOS NÓS




MARIA (uma outra pessoa de camisa preta)

Somos perseguidos e massacrados pela policia; pelo aparelho repressor do Estado; somos lobotomizados pela mídia patronal do jabá, pelas religiões infestadas de políticos e somos humilhados, torturados e assassinados pela polícia e  por grupos paramilitares, infiltrados na polícia, como estamos sendo perseguidos e massacrados justo agora.  E somos perseguidos porque somos combatentes em luta, para nos salvar do sistema, livrar o Brasil do entreguismo de nossos governantes corruptos e nos libertar da espoliação do sistema financeiro internacional.

Mas devemos enfrentar, lutar e persistir na luta, em honra dos combatentes que não estão mais entre nós, porque deram as suas vidas nessa luta. Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Eudaldo Gomes, Leonel Brizola, Darci Ribeiro, João Goulart e seus companheiros.

 

 

 

 

TERCEIRA MÚSICA (OS MISERÁVEIS)

 

(Rhenato Flauer e Lalado)

 

 

OS MISERÁVEIS

SOMOS O QUE SOBROU DA CLASSE POBRE
BRASILEIROS QUE A POLÍCIA MATA E O PODER EXPLORA

ONTEM, AMANHÃ, AGORA.

SOMOS NEGROS E MULATOS ALVOS DA EXPLORAÇÃO
SOMOS A FORÇA VIVA QUE O SISTEMA EXPLORA

ONTEM, AMANHÃ, AGORA.

SOMOS CONDENADOS A SER AMANHÃ O QUE JÁ SOMOS
ESSA É A NOSSA HERANÇA DE DESERDADOS
SÓ ESPERAMOS A MORTE E SÓ A MORTE NOS ESPERA

A SINA DA PRISÃO, OU A LUTA
BRASILEIROS DESEMPREGADOS
CAMPONESES, OPERÁRIOS, TRAVESTIS E PROSTITUTAS

SOMOS O AMANHÃ AGORA


ONTEM, AMANHÃ, AGORA.


SOMOS O AMANHÃ AGORA





LORCA
Mas nós estamos lutando errado nessas guerras. Divididos, como o sistema quer, perdemos força. Explodindo pessoas inocentes, ou atirando contra soldadinhos do inimigo, facilmente repostos, gastamos energia à toa, enquanto o inimigo fica rindo das nossas caras pintadas; das nossas manifestações pacíficas; rindo de nós,  ordeiros e pacíficos carneirinhos, vestidinhos de amarelo, caminhando e cantando e protestando para ninguém.

O inimigo só teme aqueles que ele chama de vândalos, de terroristas. Mas sabemos que os vândalos e terroristas são eles mesmos. Vândalos e terroristas do capital, covardes que não devemos temer.

Os mais valentes de nós, que contra atacam o sistema com bravura e coragem, são contra-terroristas. Os nossos aliados caras pintadas, que se vestem de amarelo, ou de branco, e dão a cara para a polícia bater, não são nada mais do que massa de manobra, são bucha de canhão, usados pelo inimigo, para viabilizar golpes e esvaziar a nossa luta.

Quem luta, arrisca a vida, entrega a alma, devolve a alma à vida. E quem luta só precisa ajustar a pontaria, mirar certo, para só atingir o inimigo. Mirar o coração e o patrimônio dos banqueiros. Jamais confrontar aliados e inocentes, como estamos fazendo e nos perdendo.



QUARTA MÚSICA (MILAGRES).

(Rhenato Flauer e Lalado)

MILAGRES

Vejo muitos padres e pastores abençoados
Operando curas e milagres de montão

Vejo o imenso rebanho tosquiado, conformado
Afundando em promessas na penúria e na ilusão

Vejo o martírio, o calvário de sobreviver sem emprego
Ou com esse mísero salário

Vejo enfim nessa fé que nos conduz
Que o difícil é ser gente
Fácil é ser Jesus.




BENÉ
Tá vendo ai? A religião é e sempre foi a fiel aliada do sistema, com a missão de nos lobotomizar, de nos alienar e nos manter submissos e passivos diante de quem nos explora. E como recompensa, o sistema permite que os donos das igrejas vampirizem o sangue dos ingênuos, sugando livremente a poupança popular para seus bolsos, acumulando fortunas, sem remunerar e sem devolver o dinheiro furtado, e além de tudo isso, sem pagar um tostão de imposto sobre a renda colossal, essa fortuna expropriada dos enganados. Aliás, remunerando os fiéis lesados com "milagres", promessas de salvação aqui na terra e um lugar no paraíso, depois da morte!

MARIA
Da mesma forma como a imprensa patronal tem a missão de nos hipnotizar, lobotomizar, de nos fazer uma lavagem cerebral, com incessante e barulhenta repetição de mentiras, de informação manipulada e ocultação da verdade.

Vocês sabem quanto os ex governantes e governantes entreguistas recebem de propina para permitir a exploração, o contrabando e a exportação sub faturada do nosso nióbio? 100 bilhões de dólares por ano.

E vocês sabem quanto os banqueiros do Federal Reserve pagam de propina aos ex governantes e governantes entreguistas, que pagam indevidamente juros de uma divida que não temos, divida que foi forjada? Mais de 100 bilhões de dolares por ano.

Diante da questão do nióbio e da divida pública, que não são denunciados, discutidos ou questionados pela grande midia patronal, lava jato, mensalão, petrolão não passam de moedinhas no chapeu do cego, mas que são divulgadas, dicutidas e questionadas desvairadamente, para blindar e desviar o foco da questão central: a grande corrupção do pagamento indevido da dívida pública forjada e da exploração lesiva ao Brasil do nosso nióbio,  nos mantendo alienados e desinformados da verdade. 

E esses  mesmos patrões da imprensa, que só vão daqui para ali em carros blindados, porém mandam para a morte nas ruas os seus empregados mal remunerados, sem treinamento, sem equipamento de proteção e com a obrigação de documentar a nossa dor, para lhes gerar lucro com o nosso sofrimento.  É assim que os patrões da mídia do jabá nos usa com o propósito de enganar, aterrorizar e dirigir a opinião pública contra o que e contra quem lhes interessa, porque  os interesses da mídia patronal do jabá são os interesses imperialistas de quem tem e lhes dá muito acarajé.


  

QUINTA MÚSICA  (O DÍZIMO),

(Rhenato Flauer e Lalado)


O DÍZIMO

O deus que me ama está solto, está livre

Ele me dá a vida e dá vida aos mares, aos rios, às matas, aos desertos

E dá paz ao meu coração inquieto

O deus que me ama está sempre aqui por perto

Ele me dá vida e dá vida aos mares, aos rios, às matas, aos desertos

E dá paz  ao meu coração inquieto

O deus que está preso nos templos, nas igrejas, nos mosteiros

É um deus que não me ama ele ama o meu dinheiro.

O deus que me ama está solto está livre
Ele me da a vida

O deus que está preso nos templos, nas igrejas, nos mosteiros
É um deus que não me ama ele ama o meu dinheiro.

O deus que me ama está solto está livre
Ele me da a vida

O outro ama o meu dinheiro



LORCA
Todo dia, todo santo dia, os seus governantes pagam aos banqueiros internacionais mais da metade do valor de tudo que é produzida no pais, com o trabalho de vocês.

O pior é que essa dívida sem fim, que vocês pagam e vão continuar pagando a vida inteira, ela não existe; essa dívida é falsa. É uma dívida que começou a ser forjada pela ditadura militar, com a desculpa de combater o "comunismo"; tomando dinheiro  emprestado para torturar e assassinar patriotas, contrários ao golpe de estado. 

Essa farsa prosseguiu nos governos seguintes e foi ampliada e aprimorada por um governante entreguista erudito, o gato mestre dos ladrões, um gigolô de puteiro, o tucano mais apavonado, o presidente que queria vender ao capital privado as nossas reservas de niobio por 600 mil reais e foi impedido pela reação energica das forças armadas, mas conseguiu vender a preço de babana mais de 100 das nossas mais rentáveis e estratégicas empresas estatais. 

E a divida inexistente continua sendo criminosamente paga pelos atuais governantes, aprendizes do gato mestre e cúmplices dele nessa poderosa quadrilha de políticos, governantes e ex governantes, que vendem o seu país. 

MARIA
O que é urgente, o que é preciso fazer o quanto antes é forçar o governo a suspender, imediatamente, o pagamento dessa dívida, que estava prescrita. Sim, a maior parte da divida pública do seu país estava prescrita e foi ressuscitada com uma armação entre o presidente ladrão e os banqueiros internacionais. E essa roubalheira foi feita num paraíso fiscal chamado Luxemburgo, porque nenhum país sério se prestou a sediar e oficializar esse negócio escabroso de bandidos. 

BENÉNós precisamos forçar o governo a suspender imediatamente o pagamento dessa dívida, auditá-la e discuti-la nos tribunais internacionais. O Equador nem precisou recorrer aos tribunais. Auditou a sua dívida pública e, diante das provas, os credores reconheceram que a dívida estava mesmo prescrita, aceitando receber apenas 30 por cento do valor. E isso mudou a história do Equador. O que era pago aos banqueiros, mais da metade do PIB, passou a ser investido para melhorar as condições de vida dos equatorianos.


S
BLACK OUT

FIM DA PRIMEIRA PARTE



2ª PARTE


LORCA

“Os mestres mostram aos meninos uma luz resplandecente que vem do monte,

Mas o que se vê é uma reunião de cloacas,
Onde gritam as escuras ninfas da cólera.

Os mestres apontam com devoção as enormes cúpulas defumadas,
Mas debaixo das estátuas não há amor.
Não há amor sob os olhos de cristal do definitivo.

O amor está nas carnes dilaceradas pela fome,
Na palafita diminuta que luta contra a inundação,
O amor está nos fossos onde brigam as serpentes da gula,
No triste mar que embala os cadáveres das gaivotas,
E no escuríssimo beijo pungente embaixo das almofadas.

Mas o velho das mãos translúcidas dirá: Amor, Amor, Amor,
Aclamado por milhões de moribundos.
Dirá: Amor, Amor, Amor,
Entre o tecido de seda retorcido de ternura,
Dirá: Paz, Paz, Paz,
Entre o ruído da dinamite e o estampido dos punhais.
Dirá: Amor, Amor, Amor,
Até que se tornem de prata os seus lábios.”


SEXTA MÚSICA (AMANHÃ SEM VOCÊ);

(Kal Venturi e Lalado)

AMANHÃ SEM VOCÊ

Adeus
Amamos tanto, tantas vezes
Cada vez que nos amamos
E de tanto amar, paramos o tempo
O tempo alado que foi passando

Adeus
Só restam lembranças que vão ficar
E ficará o adeus em nosso olhar

Amanhã eu sei você vai embora
O amanhecer será tristonho
Será o fim de nosso sonho
Que será sem fim até agora
(fim até agora)

Adeus
A noite faz questão de ser tão linda
Noite – noite – noite que não finda
Ficarão as noites em minhas lembranças
E você será as noites  que não se foram ainda

Adeus
Estarei distante na despedida
Para não ser meus olhos deixando os seus
Serei silêncio minha querida
Não quero ouvir de mim
Esse meu triste adeus.




MARIA
O nosso amor é para ser uma luz resplandecente. Precisamos aprender a fazer com que o nosso amor seja no dia a dia, a luz resplandecente que vem do monte, para sufocar essa reunião de cloacas e suas escuras ninfas da cólera, que oprimem a gente humilde do mundo inteiro.

Precisamos saber como expandir essa luz resplandecente, para acabar com o egoísmo, com a usura, e viver esse nosso amor solidário, nas carnes dilaceradas pela fome, fortalecendo a palafita diminuta que luta contra a inundação.

Precisamos cortar de uma vez a cabeça da serpente da gula e fazer dos oceanos um límpido espaco azul, para o banquete das gaivotas.

Precisamos fazer tudo isso, ainda que seja necessário atirar contra o inimigo, que ao morrer, ele verá soar livre a beleza do nosso grito de amor! E a nossa ternura finalmente verá a paz ressurgir entre o ruído de explosões de dinamite e a lâmina afiada e certeira dos nossos punhais.




SÉTIMA MÚSICA (EU NUNCA VOU LHE ESQUECER)

(Rhenato Flauer e Lalado)


EU NUNCA VOU TE ESQUECER

Não adianta não querer lembrar
SUA lembrança vem naturalmente
como a flor vem da semente
como a luz vem do luar

nem adianta não querer sentir
SUA presença simplesmente está
em tudo que eu percebo
em cada lugar que eu chego
e onde eu quero chegar.

sei que vou TE encontrar.

viver me fez amar,
amar me faz crescer

e amar É viver um simples momento em Seus braços
ou reviver os Seus abraços longe de você.

amar me faz sentir
na paz em Seu silêncio
e nesse silêncio sem fim


que não adianta não querer lembrar
VOCê está em tudo que sEI de mim

EU nunca vou TE esquecer.




BENÉ
E onde está o nosso amor solidário? Só existe solidariedade na doença e na tragédia? Onde está a justiça, a igualdade e a razão? Nas carnes dilaceradas pela fome?

Não! O amor está em nossas mãos, mãos que lutam e fazem justiça. Nas nossas mãos que constroem a igualdade, para honrar a memória de todos que viveram e lutaram por isso e não estão mais entre nós.

Em nome de Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares, de Carlos Lamarca, de Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, de Eudaldo Gomes da Silva e de Carlos Marighella, vamos à luta cidadãos!


OITAVA MÚSICA (O TEMPO E A VIDA)

(Rhenato Flauer e Lalado)

O TEMPO E A VIDA

Na correnteza da vida, 
Somos folhas soltas, levadas pelo vento
Se a vida esconde de nós nossas virtudes, 
O tempo apagará nossos defeitos.
Se para mim felicidade é prática,
Pra você não passa de um conceito.

Cada um de nós vive a sua verdade
E se um dia a falta que sentimos um do outro
Nos vier bater à porta
O tempo saberá que é amor
A vida nos dirá que é saudade.

Não sei para onde vou,
Amanhã dia feliz
Só sei que amo você e só você,
Você é o amor que eu sempre quis.

MARIA
A união consciente nos dá a força de vencedores. União consciente significa esquecer, ou ser maiores do que as nossas diferenças. Porque o que queremos é  andar calmamente, como se tivéssemos esperança. Queremos ser tão somente o que somos na lembrança. Queremos ter o poder infinito de uma pessoa comum. E reinar livremente, como os mistérios do mar sobre a ciência da terra. E morrer simplesmente, como as espumas das ondas afundando na areia. E ficar para sempre, como um rochedo qualquer, esquecido e presente. Nós só queremos ser como gente!



NONA MÚSICA (MARIGHELLA)
(Rhenato Flauer e Lalado)

MARIGHELLA

Não venho trazer a paz
a paz que se traz eu não tenho
venho com minha espada
encontrar povo guerreiro
separar toda família
incendiar o mundo inteiro

Para fazer tudo de novo
um mundo sem ódio e sem guerra
sem donos de gente e de terra
sem escravos e sem patrão

Onde viver seja motivo
de trocar nosso sorriso
vivendo em união
com um Deus que seja amigo
com perdão e sem castigo
e que a ninguém falte abrigo,
nem trabalho, nem chão

Venho com minha espada
e coberto de razão
separar o rico da cama
tirar o pobre da lama 
e o medo do coração

E quando a morte chegar
ela não vai me encontrar
calado para a injustiça
sofrendo de solidão
ou de olhos arregalados
cabelos bem penteados
morrendo por um tostão

 A morte vai me encontrar bem acordado
ou dormindo já descansado
depois de muito lutar

Não tenho medo da morte
maior do que a morte é a vida
pior é viver explorado
uma vida inútil e sofrida


BENÉ
Tudo que tenho está aqui nas minhas mãos vazias! Mãos que querem justiça e igualdade. Mãos que querem quebrar as correntes que aprisionam as pessoas à humilhação; mãos que querem nos libertar do sofrimento da desigualdade social. Mãos que farão justiça, para honrar a memória de todos que viveram sonhando com igualdade, fraternidade e justiça e que morreram lutando por isso.


DÉCIMA MÚSICA (A ESTRADA)

(Rhenato Flauer e Lalado)

A ESTRADA

A estrada de minha vida
é uma estrada abandonada
por onde andA gente sofrida
e alma desesperada

a estrada por onde eu vou
é uma estrada DESPREZADA
espinhos e pedras pelo meio
lodo e lama na beirada

caminho por essa estrada
por essa estrada maltratada
planto alegria, enterro dores
e deixo flores onde não havia nada

sou feliz na caminhada
colho a alegria que plantei
nada tenho, nada quero
e o fim da estrada eu não sei

em minha frente a estrada é pedra
atrás de mim deixo um jardim
com lindas flores e perfumada
mas toda estrada tem seu fim

só que a morte nunca me espanta
é ela que espera por mim
embora eu não seja eterno
sou meu céu e meu inferno
e a morte é só o fim do fim.





LORCA
O seu país é a sua estrada. E a sua estrada está sendo saqueada pelos ricos do mundo inteiro: os ricos daqui mesmo e os ricos do estrangeiro. 

UM CAMISA PRETA
Nos governos dos ricos, pelos ricos e para os ricos, se um pobre reinvidica os seus direitos, isso é considerado uma ameaça ao sistema e a polícia massacra o pobre que reclama. Nenhum povo, em lugar algum do planeta, paga, ou pagaria calado aos banqueiros os juros que pagamos, de mais de 400% ao ano.

LORCA
É essa sangria incontrolável nas veias abertas do seu país, que deixa os desempregados na miséria e os trabalhadores sem dinheiro.

MARIA
Então vamos limpar a nossa estrada, plantar alegria, enterrar as nossas dores e deixar flores, onde não havia mais nada.

BENÉ
Se em nossa frente a estrada é pedra, vamos em frente afastando as pedras, vencendo obstáculos. Vamos ganhar essa guerra e deixar atrás de nós um imenso jardim; sem temer a luta, sem temer a morte, porque a morte é só o fim do fim.



BLACK OUT

FIM DA SEGUNDA PARTE.




3ª PARTE


LORCA

“Entretanto, entretanto, ai, entretanto,
Os negros que retiram as escarradeiras,
Os rapazes que tremem sob o terror pálido dos diretores,
As mulheres afogadas em óleos minerais,
A multidão de violão, de martelo, ou de nuvem,
Há de gritar ainda que lhe arrebentem os miolos contra o muro.

Há de gritar ante as cúpulas,
Há de gritar louca de fogo,
Há de gritar louca de neve,
Há de gritar com a cabeça cheia de excremento,
Há de gritar como todas as noites juntas,
Há de gritar com voz tão despedaçada,
Até que as cidades tremam como meninas,
E rompam as prisões do azeite e de música.

Porque queremos o pão nosso de cada dia,
Flor de amieiro e perene ternura debulhada,
Porque queremos que se cumpra a vontade da terra,
Que dá seus frutos para todos”.



  DÉCIMA PRIMEIRA MÚSICA (PLUTOCRACIA)

(Rhenato Flauer e Lalado)

PLUTOCRACIA

ESTOU COM MEDO DO GOVERNO DA ESPERANÇA QUE VENCEU O MEDO

PILHAM OS RICOS A NOSSA RIQUEZA
GRAMPEIAM A DIGNIDADE
AVANÇAM NO DINHEIRO DA COMUNIDADE
E TOME-LHE IMPUNIDADE

REFORMA NA PREVIDÊNCIA
POVO MANSO E AZARADO
GARFO NA PRIVATIZAÇÃO
PROPINA É DINHEIRO PARA DEPUTADO

TUDO ISSO É INDECÊNCIA
PRA DAR LUCRO A BANQUEIRO
BOA VIDA A ESTRANGEIRO
O POVO MORRENDO DE FOME
E VIVA O POVO BRASILEIRO

BRASIL
FUTEBOL, CARNAVAL, COCAÍNA, JOGATINA, CACHAÇA E CONFETE
E NO CORAÇÃO DO POVO
O MESMO AMOR INCONDICIONAL DE DONA ARLETE.

AQUI EM BAIXO A VIOLÊNCIA CORRE SOLTA
POIS A MISÉRIA SÓ AUMENTA
FOME ZERO É UMA PIADA
UM CONTO DA CAROCHINHA
DIANTE DESSES POLÍTICOS
BEIRA MAR É TROMBADINHA

REFORMA NA PREVIDÊNCIA
POVO MANSO E AZARADO
GARFO NA PRIVATIZAÇÃO
PROPINA PRA SENADOR E DEPUTADO

TUDO ISSO É INDECÊNCIA
PRA DAR LUCRO A BANQUEIRO
BOA VIDA A ESTRANGEIRO
O POVO MORRENDO DE FOME
E VIVA O POVO BRASILEIRO

OLHE O SUINGUE DA PLUTOCRACIA:

EXECUTIVO:
ENTREGUISMO E CORRUPÇÃO

JUDICIÁRIO:
CAIXA PRETA DE BARÃO

PARLAMENTO:
FEIRA DE VOTO E GRAMPO ILEGAL,
MEU IRMÃO

TUDO ISSO É INDECÊNCIA
PRA DAR LUCRO A BANQUEIRO
BOA VIDA A ESTRANGEIRO
O POVO MORRENDO DE FOME
E VIVA O POVO BRASILEIRO

BRASIL:
FUTEBOL, CARNAVAL, COCAÍNA, JOGATINA, CACHAÇA E CONFETE
E NO CORAÇÃO DO POVO
O MESMO AMOR INCONDICIONAL DE DONA ARLETE.






MARIA 
Eu também quero gritar, porque já tenho os meus olhos livres para ver. Quero gritar todo sofrimento preso na garganta. Quero gritar todas as dores dos meus antepassados e as dores dos meus filhos. E as dores dos filhos de meus filhos.
Quero gritar desesperadamente, como a grande louca, que apunhalou o pequeno deputado. Gritar como aqueles valentes, que quebraram o congresso nacional de anões delinquentes.


 Quero gritar como os heróis que incendeiam os bancos e exterminam os vampiros do nosso sangue. Quero gritar, porque o meu corpo quer vida e a minha alma quer viver!

(Bené dá um grito enorme “Lutar!” e Maria e os outros militantes de camisas pretas saltam por entre os bancos da praça e vão de encontro à polícia, cuspindo fogo como um dragão encantado e imobilizam a polícia, que retira a farda e passa para o lado do povo.


DÉCIMA SEGUNDA MÚSICA (A MORTE DE LAMPIÃO)



(Braulio Barral, Rhenato Flauer e Lalado)


A MORTE DE LAMPIÃO

Evém o céu na barra do dia evém
Evém no céu a barra do dia evém (bis)

A barra do dia não é barra de saia
Barra de saia é borda
É beira dobrada no fim
A barra do dia é a luz que me acorda
Do medo que sinto de mim.

A barra do dia não é barra de praia
Barra de praia é ribeira
Ribeira é beirada aberta na beira do mar
Beira da pirambeira
A porta de entrada é porteira

Evém o céu na barra do dia evém
Evém no céu a barra do dia evém (bis)

A barra do dia é começo
É frente espalhada na beira de mim
No céu da manhã espraiada
A barra do dia é começo e é fim

A barra do dia é a luz que me acorda
Do medo que sinto de mim.

E o fim é um dia de luminosa brandura
Um sol espelhado na sorte
Aurora da hora da morte
O apogeu de toda loucura

Evém o céu na barra do dia evém
Evém no céu a barra do dia evém (bis)

E a morte é um outro sentido
É a porta fechada que a gente atravessa
Para ver uma vez o sertão molhado e florido.

Florido de saudade no chão esperado por mim
Brotando justiça e liberdade
No dia que não tem fim

Brotando a justiça e a liberdade no dia que não tem fim

Evém o céu na barra do dia evém
Evém no céu a barra do dia evém (bis)



LORCA
União e força. Saber usar a força da união consciente contra o terrorismo do capital. O terrorismo do capital tem apenas a força armada do velho Estado, o poder covarde do aparelho repressor do velho Estado, que não existe para lhe proteger, mas para assegurar a livre ação destrutiva do terrorismo do capital. 

UM CAMISA PRETA
A policia de um pais capitalista não existe para defender o cidadão comum e garantir o cumprimento da lei. A policia de um país capitalista existe para servir aos mais ricos, para garantir privilégios e proteger o patrimônio dos ricos. A policia do estado terrorista capitalista existe para assegurar a concentração de renda e o aumento da riqueza dos ricos.

LORCA
Porém com a força e o poder da união consciente, legitimando a nossa ação libertadora do velho domínio, a nossa ação criadora do novo tempo, nos trará a todos justiça e igualdade.


Nesse instante, volta a musica instrumental O Senhor da Paz, para compor a projeção do video de um favelado, falando do ponto de vista dos oprimidos.



PROJECAO DO VÍDEO


Depois do vídeo,  a música ganha proporções dramaticas,  para sugerir o final do espetáculo. Quando o publico comeca a retirar-se, os atores voltam ao palco.

LORCA
Reunir toda essa gente sofrida, humilhada, indignada e submissa, para lutar contra o terrorismo do capital, nosso algoz, nosso inimigo. Para não ser preciso fazer como os mais valentes e desesperados de nós, solitários na sua luta, que se insurgem heroicamente contra o terrorismo dos bacanas, explodindo bombas amarradas no seu corpo, gerando mais violência estéril e mais desapreço pela vida humana. Vamos acabar com o terrorismo do capital com a nossa união e luta conscientes, sem ser preciso irmão lutar contra irmão.

E para tudo isso, antes de tudo, é necessário fazer todo alienado despertar, cada sonâmbulo acordar como eu acordei, ressuscitar como eu ressuscitei, e agir com a arma, ou com o voto, para acabar com o poder maligno de quem nos explora e sucateia o planeta.

Porque vocês que estão se afogando na poluição, na contaminação,   na degradação; vocês que trabalham a vida toda como escravos e não têm uma vida digna, os únicos culpados, além de nós mesmos, além da nossa omissão, os únicos culpados pelo nosso infortúnio são os banqueiros.


BENÉ
Tomemos vergonha; tenhamos atitude. Vamos parar de cruzar os braços e de baixar a cabeça!

MARIA
Qual é a nossa virtude? Será que é virtude cruzar os braços diante da injustiça e só abrir os braços sobre a nossa cruz? Será virtude ficar indiferente a tudo, fechar os olhos para o calvário e para o martírio de todos nós, como se cada um de nós fosse um pedaço do corpo de Jesus?


LORCA
É com atitude e luta que vocês vão dar um fim à exploração e assegurar que o Brasil seja inteiro a sua grandeza e sendo para todos a sua riqueza. Só assim o Brasil será um país igual para cada brasileiro, um país de verdade, uma verdadeira nação!


MARIA, BENÉ e LORCA
E por fim, é sempre bom lembrar e nunca mais esquecer, que só vivendo, lutando e mudando de verdade, sem medo, com muita garra e vontade, fazendo valer a nossa voz é que teremos em nossas mãos a nossa terra e seremos gente, gente pra valer! E a terra que teremos será, enfim, o país de todos nós!


DÉCIMA QUARTA MÚSICA (GLOBALIZAÇÃO)

(Marcel Leandro, Rhenato Flauer e Lalado)

GLOBALIZAÇÃO


“O letargo larvário da cidade crescia.
Igual a um parto numa furna,
Vinha da original treva noturna,
O vagido de uma outra Humanidade!

Eu, com os pés atolados no Nirvana,
Acompanhava, com um prazer secreto,
A gestação daquele grande feto,
Que vinha substituir a Espécie humana!”
   Augusto dos Anjos
                      
Nada está perdido
O terrorismo do capitalesse absurdo sistema
Econômico - financeiro – político – criminal
Está gerando um povo melhor e muito mau.

Enquanto nosso povo se desumaniza
Graças ao deus das religiões dos pobres mortais
A humanidade faz a guerra e atira bombas pela paz
E muito mais práticas letais.
                                                                                                 
Nós estamos cada vez mais animais
Somos cada vez mais animal
Só precisamos escolher ser um melhor modelo animal.

Sempre fomos tratados como animais nocivos
Graças à nossa índole de cão sem dono
Que afaga a mão que nos apedreja
Só precisamos escolher ser um melhor animal,
Qualquer animal que seja.

Precisamos quem sabe ser abelhas
Comer pólen e produzir mel
Voar, dançar e depois ir pro céu
Porque no reino animal, rainhas é que governam
Todo bom sistema social

Macho é pra carregar pedras
Inseminar príncipes e fecundar princesas
Assim os machos viverão sem tempo
Pra fazer política ou inventar a guerra

E haverá paz aqui na terra

Hoje vejo gente assim como macacos
Mijando e cagando nas ruas
Vejo gente muito mais como hienas
Revirando lixo à cata de comida
E rindo de sua sorte
Num beco sem saída

Há há há ha

Vejo gente como porcoscomo porcos de verdade
Comprando tudo envenenado, nos mercados da cidade.
Na cidade

Todos esses animais que vejo andando pelas ruas
Homens maltrapilhos e crianças seminuas
Têm um homem como chefe

Um velho rato mandachuvaou um novo mequetrefe

Chegou a hora de escolhermos ser abelhas
E ser felize ser feliz
Porque ratos, porcos, macacos e as hienas
Já tomam conta do país
Do país.

Chegou a hora de escolhermos ser abelhas
Como gente que se respeita
Senhores do nosso papeldignos do nosso lugar


Ou então mudarlutar, mudar, lutar

Pra gente viver como gente
Pra gente viver como gente
Pra gente viver como gente

Assim na terracomo no céu.


Os atores, a banda, todo o elenco deixa o palco, cantando o refrão de Globalização e se dirige à platéia, saindo do teatro com o público.


FIM